Por Janaína Peroto
Como ainda estamos em julho, mês de férias, muitas famílias aproveitam esse momento para viajar e lógico, se divertir. E foi justamente durante um momento de férias com os meus filhos que me peguei refletindo:
Afinal, nas férias a adaptação é dos pais para com os filhos ou dos filhos para com os pais?
Tudo começa no planejamento da viagem: para onde ir, o que fazer, onde se hospedar e por falar em hospedagem vou contar uma situação pra vocês. Por muitas vezes escutei: “Nossa você leva as crianças nesses hotéis que não tem nada pra eles… Deveria ir para os resorts com recreação, etc”.
E porque estou contando isso? Porque eu particularmente, além de amar conhecer a diversidade hoteleira, vejo nessas experiências uma baita oportunidade de desenvolvimento atitudinal para os meus filhos.
Explico melhor:
Se você é uma pessoa que entende que alguns hotéis tipo pousada/boutique não oferecem nada para as crianças, eu te digo em bom tom: eu discordo completamente de você 😉
Você sabia que apresentar ambientes calmos e estimular a convivência com adultos é crucial para o desenvolvimento saudável e equilibrado das crianças?
Algumas pessoas pensam que não existem brincadeiras e opções de entretenimento nos ambientes mais tranquilos, mas a verdade é que as crianças acabam estimuladas a exercitar novos olhares e oportunidades de aprendizado e interação, só que não de maneira convencional, encontrada em sua maioria, nas rodas de brincadeiras.
Sobre a minha hospedagem na semana passada: Será mesmo que meus filhos não brincaram? Te conto alguns exemplos das experiências que tivemos…
– Meus filhos ganharam bexigas personalizadas com seus nomes e cabanas customizadas no quarto (Só aqui temos boas histórias pra contar sobre brincadeiras e diversão)
– Jogaram dominó (Eu inclusive perdi para os dois 😂)
– Jogaram xadrez
– Tomaram alguns cappuccinos, mas o divertido mesmo foi a autonomia que desenvolveram com o relacionamento com os garçons, durante toda a hospedagem
Mas o que isso tem a ver com o profissional futuro?
Oferecer às crianças oportunidades para se habituarem a novos ambientes e situações é o que chamo de adaptabilidade dos filhos para com os pais e é exatamente isso que acontece no ambiente corporativo.
Entender a cultura, as regras, o ambiente, o produto/serviço oferecido é o que diferencia os bons dos maus profissionais.
É justamente nesses momentos fora da rotina e em novos ambientes/situações que deixo meus filhos muito livres e vejo o quanto eles desenvolvem novas habilidades e atitudes.
Digo mais, no livro geração ansiosa, best seller, escrito por Jonathan Haidt, ele relata a diferença comportamental do modo descoberta VS modo defesa.
O modo descoberta promove a aprendizagem e o crescimento, ou seja, se quisermos ajudar as crianças e jovens a se desenvolverem precisamos deixá-los no modo descoberta que é justamente a oportunidade de identificar o novo, de conhecer, de pensar por si e agir.
Em resumo, a mente da criança é criativa para explorar o novo e também para conhecer e entender os limites dos espaços calmos, tão necessários aos pais.
Uma criança que entende o valor da descoberta e da adaptabilidade que desafia o seu “querer natural” , certamente terá um valor atitudinal que a diferenciará das demais… É o que eu chamo de soft skills, ou em português competências comportamentais, tão valorizadas e difíceis hoje em dia de se encontrar em alguns profissionais.
Até às próximas férias!
Janaína Peroto – Head de Pessoas e Cultura da Foregon e responsável pelo artigo – mais de 15 anos de experiência na área de recursos humanos com passagens por grandes corporações.