Segundo Folha de SP, pecuaristas querem que Bolsonaro abra mão logo de candidatura e apostam fichas em Tarcísio

Após apoiarem Jair Bolsonaro (PL) ao longo de todo o seu governo e mesmo após ele deixar o Palácio do Planalto, pecuaristas e membros de associações do setor afirmam que o ex-presidente, hoje inelegível, deve abrir mão logo de tentar seguir na disputa eleitoral de 2026 e indicar um nome para que a direita tenha chances de derrotar Lula (PT).

Em meio a conversas sobre o momento do setor, a sucessão presidencial do ano que vem ganhou espaço nas discussões da Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte), em Presidente Prudente (SP). O ex-presidente esteve no primeiro dia do evento, na semana passada, acompanhado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

E é justamente o governador de São Paulo o nome apontado de forma reservada por pecuaristas e integrantes de entidades ligadas ao setor como o mais adequado para representar a direita com a inelegibilidade de Bolsonaro até 2030.

Eles avaliam que, se o ex-presidente insistir em afirmar que está no páreo até o último momento, impedirá que outra liderança do espectro político consiga ganhar espaço no tabuleiro eleitoral para enfrentar um Lula, que, na visão deles, está em campanha todos os dias.

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Pecuaristas ouvidos pela reportagem afirmaram que o histórico do próprio petista é um exemplo da necessidade de ter um nome viável para os eleitores com antecedência. Eles citam a eleição presidencial de 2018, em que Lula foi impedido de disputar com base na Lei da Ficha Limpa.

Já se sabia que, caso ele não conseguisse participar da disputa, o substituto seria Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda. Embora tenha sido oficializado somente em 11 de setembro daquele ano como o nome do PT, o conhecimento prévio do eleitorado de que ele era o nome apoiado por Lula o tornou competitivo na eleição decidida no segundo turno contra Bolsonaro, avaliam.

Com o ex-presidente, dizem, isso não acontece hoje, já que a direita está sofrendo uma pulverização de nomes que podem ou desejam disputar a eleição de outubro do ano que vem.

Além do próprio Bolsonaro, que além de inelegível até 2030 é réu sob acusação de liderar uma trama golpista, cinco governadores são cotados para concorrer no ano que vem: Tarcísio; Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Ratinho Junior (PSD), do Paraná; e Eduardo Leite (PSD), do Rio Grande do Sul.

Os dois últimos integram o partido presidido por Gilberto Kassab, secretário de Governo e Relações Institucionais de Tarcísio. Ele esteve em Presidente Prudente com o governador e Bolsonaro, de quem ganhou afago e a medalha dos três “Is” – “imbrochável, incomível e imorrível”.

O ex-presidente abriu seu discurso de quase seis minutos falando de Kassab, a quem qualificou como “presidente do maior partido, depois do PL”, seguido de um sorriso e de um aperto de mãos.

Dos cinco governadores no mapa eleitoral, só Tarcísio está em primeiro mandato e pode tentar a reeleição em seu estado. Para os pecuaristas ouvidos pela reportagem, no entanto, ele deixaria a disputa estadual de lado e atenderia a eventual convocação de Bolsonaro para concorrer ao Planalto.

Apesar da profusão de nomes, eles apostam que só o governador paulista tem reais chances de ganhar, e que, entre os demais, é possível que saia o nome de um candidato a vice. A ex-primeira dama Michele Bolsonaro também é citada para o posto.

Kassab disse, durante a Agrishow, em Ribeirão Preto, não ver problemas no fato de os partidos do mesmo espectro lançarem candidatos no ano que vem, já que “no segundo turno todos se encontram”.

Enquanto o que pecuaristas consideram como o “dilema Bolsonaro” persiste, a agenda oficial de Tarcísio em Presidente Prudente virou um ato de desagravo ao ex-presidente, que reiterou a expectativa de ter o nome na urna nas eleições do ano que vem.

“Eleição sem Jair Bolsonaro é negação da democracia”, afirmou Bolsonaro. Tarcísio o exaltou e disse que a “missão” dele não acabou.

“Vocês estão aqui em consideração ao nosso presidente Bolsonaro, que é uma pessoa que entrou para a história do Brasil. Digo mais, a sua missão, presidente, não acabou, a sua missão não acabou. O senhor ainda vai contribuir muito para o Brasil, o senhor vai fazer a diferença”, afirmou.

A Feicorte reuniu 16,5 mil pessoas e afirmou em balanço divulgado na tarde desta segunda-feira (23) que a presença de autoridades políticas, como Tarcísio, Bolsonaro e o secretário da Agricultura de São Paulo, Guilherme Piai, “reforçou o prestígio da feira no calendário do agronegócio”.

Fonte: FolhaPress

 

 

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