Produto desenvolvido em Prudente que pode substituir cimento obtém patente

Produto de inovação científica e tecnologia verde possibilita reduzir em 29% o custo de produção do m³ de argamassa, na proporção de 20% de substituição do cimento por cinza extraída do rerrefino de óleo lubrificante misturado com argila.

Como o projeto decorre de experimentos científicos e com resultados publicados em revista internacional, dentro da unidade de medita adotada o comparativo de custo foi em dólar. A argamassa exclusiva com cimento comercial ficou em US$ 102,16.

Com a substituição em diferentes percentuais, variando de 10% a 40%, o melhor resultado ocorreu em 20%, ao custo de US$ 72,23. Pela cotação do dólar hoje (10/06) e na conversão da moeda, a redução de custo ficaria em R$ 166,00.

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Redução de impacto

Porém, não propriamente pelo custo, mas por promover redução de impacto ambiental ao reciclar resíduo químico, o projeto submetido ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) foi aprovado em curto prazo para obter a patente de inovação.

O novo produto, além de reaproveitar o resíduo, reduz emissões de dióxido de carbono (CO2), considerando que o uso da cinza reduz o de cimento. Tem ainda os fatores do encapsulamento de substâncias perigosas e a durabilidade dos materiais.

Entre o depósito do pedido e o registro da patente, o parecer saiu em um ano e pouco mais de um mês e a publicação na RPI – Revista da Propriedade Industrial em um ano e pouco menos de dois meses. O processo caminhou de março do ano passado a maio deste ano.

Materiais alternativos

O principal autor da pesquisa, o arquiteto e urbanista Alex Ramos da Silva, conta que a ideia surgiu em grupo de estudos que trabalha com materiais alternativos para construção civil. O princípio foi utilizar borra de rerrefino de óleo.

Borra misturada com argila e queima para reduzir enxofre. Em forno Mufla e a 450 graus, o material calcinado é macerado e vira cinza para ser utilizada em percentuais que substituem o cimento.

Além do forno da Faculdade de Ciências e Tecnologia, campus da Unesp (FCT/Unesp) em Presidente Prudente, foram utilizados os laboratórios de Engenharia Civil e de Química, na Unoeste.

Dra. Ângela Kinoshita e Alex Ramos | Foto Homéro Ferreira

Maior resistência

Por coincidência, é de 20% a condição de maior resistência da cinza de borra de óleo lubrificante rerrefinado em relação ao cimento. Portanto, superior em propriedades mecânicas, conforme testes laboratoriais.

Todo o desenvolvimento, da ideia à obtenção da patente, tem o caráter interinstitucional. Começou no mestrado em Ciência e Tecnologia de Materiais, na Faculdade de Ciências e Tecnologia, campus da Unesp (FCT/Unesp).

Alex teve a orientação do Dr. Renivaldo José dos Santos, a coorientação do Dr. Fábio Friol Guedes de Paiva e a colaboração do Dr. Silvio Rainho Teixeira, responsável pelo Laboratório de Caracterização de Resíduos Sólidos.

Meio Ambiente

Na Unoeste, onde o Dr. Fábio fez o doutorado e agora faz pós-doutorado no Programa de Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional (PPGMadre), Alex está fazendo o dourado com orientação da professora doutora Ângela Mitie Otta Kinoshita.

A produção da pesquisa sobre o desenvolvimento do produto teve ainda o envolvimento do doutorando no mesmo programa, Luís Henrique Pereira Silva, vinculado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP).

Outro envolvimento foi da Dra. Jacqueline Roberta Tamashiro Berguerand Xavier, egressa do programa e professora na Unoeste. O processo de registro junto ao INPI foi conduzido pelo Escritório de Apoio à Pesquisa e Inovação (EAPI).

Corpos de prova, do cimento até cinza da borra 40% | Foto: Cedida

Estrutura e apoio

Vinculado à Coordenação de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (CPDI), no escritório a condução do processo foi por Luciana Aparecida Polido Brambilla. A CPDI é vinculada à Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (PRPPG).

Pela pró-reitoria responde o Dr. Adilson Eduardo Guelfi, pela coordenação da CPDI o Dr. Jair Rodrigues Garcia Junior e pelo programa a Dra. Alba Regina Azevedo Arana; que deram apoio à tramitação em diferentes etapas do projeto.

O depósito do registro no INPI foi feito pela Associação Prudentina de Educação e Cultura (Apec), mantenedora da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste) que tem campi em Prudente, Jaú e Guarujá; e polos de educação a distância no Brasil e exterior.

Primeira aprovação

O EAPI foi criado em 2015 e os projetos para o INPI começaram a ser enviados em 2017, sendo que até o momento são 11 pedidos de patente e cinco de marcas. Pela regra geral, um projeto leva cerca de dez anos para ser aprovado. O apelo verde é exceção.

O projeto com o título “Argamassa composta por cinza de borra do processo de rerrefino de óleo lubrificante como substituto do cimento” é o primeiro a obter aprovação desde o começo dos envios de projetos ao INPI.

Natural de Sorocaba (SP), a família de Alex mudou-se para Lucas do Rio Verde (MT) quando tinha oito anos de idade. Fez o ensino superior na Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), no município de Barra do Bugres.

Foi lá que conheceu Fábio Friol, cuja família mudou-se para Presidente Prudente (SP). Então foi estudar na Unesp e depois na Unoeste, motivando Alex que vem fazendo o mesmo caminho.

Luciana Brambilla: atuação na parte burocrática | Foto: Homéro Ferreira
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