Governo anuncia aumento na cobrança do IOF e contenção de gastos de R$ 31,3 bi no Orçamento

A equipe econômica do governo Lula anunciou nesta quinta-feira, 22, uma contenção de despesas de R$ 31,3 bilhões no Orçamento para tentar cumprir a meta de déficit fiscal zero prevista para este ano. O governo também vai anunciar um aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para reforçar os cofres públicos.

O número, que consta no primeiro Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do ano, surpreendeu analistas e economistas do mercado financeiro – que esperavam uma contenção em torno de R$ 10 bilhões, segundo mediana das projeções Estadão/Broadcast.

Serão 20,7 bilhões em contingenciamento – considerando o limite inferior da meta – e outros R$ 10,6 bilhões bloqueados.

Para este ano, o governo promete atingir a meta de resultado primário zero, mas há uma margem de tolerância que permite um déficit de R$ 31 bilhões – ou 0,25% do PIB.

O anúncio contou com a presença dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, em contraste com a divulgação do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, em meados de abril, que contou apenas com integrantes do segundo e terceiro escalão do governo.

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“Foi feita análise muito criteriosa. Muita gente do mercado previa necessidade (de contenção de gastos) menor do que essa, mas nós fizemos questão de ser muito transparentes sobre a execução, para que houvesse também por parte do Congresso e Judiciário (disposição) para tocar essa agenda à frente”, afirmou Haddad em coletiva de imprensa.

“Levamos tudo ao presidente (Lula), que determinou que fosse feito o necessário para fortalecer o arcabouço fiscal. Houve consenso do que fazer entre nós e os ministros palacianos. Todo mundo compreendeu a necessidade. Desejamos que melhore, mas lutaremos o quanto for necessário, porque entendemos que é o melhor que o Brasil pode ter”, disse o ministro.

Despesas

A previsão de gastos com benefícios previdenciários em 2025 subiu de R$ 1,015 trilhão, previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA), para R$ 1.032 trilhão. A projeção para os pagamentos de pessoal e encargos sociais caiu em R$ 100 milhões, para R$ 411,6 bilhões.

Atualização de projeções

A equipe econômica atualizou os indicadores da grade de parâmetros macroeconômicos utilizados nos cálculos da execução orçamentária de 2025.

A equipe econômica aumentou a estimativa para a Selic do ano de 11,67% para 14,28%, uma alta de 2,62 ponto porcentual frente à Lei Orçamentária Anual (LOA). Na sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros em 0,50 ponto porcentual, para 14,75% ao ano.

A projeção para o câmbio médio deste ano passou de R$ 5,70 para R$ 5,81. A previsão para a alta da massa salarial nominal passou de 9,49% para 12,05%. Já a estimativa para o preço médio do barril de petróleo no mercado internacional passou de US$ 72,87 para US$ 65,09.

Nesta semana, a equipe econômica divulgou a nova projeção para o crescimento da economia neste ano, que foi de 2,45% para 2,38%. A projeção oficial para a inflação medida pelo IPCA passou de 4,9% para 5,0% – acima do teto da meta.

Já a estimativa para o INPC – utilizado para a correção do salário mínimo – passou de 4,80% para 4,90%./Colaboraram Giordanna Neves, Célia Froufe e Cícero Cotrim

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